domingo, 23 de novembro de 2014

Para recarregar energias.

Hoje cai a chuva aqui na Tijuca. Mas se fosse há alguns meses seria ainda na General Glicério, em minha amada Laranjeiras.
Tijuca, nada contra. Mas vivi 26 anos nas bandas de lá. Te peço um pouco de paciência nesse início de relacionamento. 

- Sim, eu sei. Deveria ser melhor, afinal quantos casais de namorados se queixam da paixão comum há anos, desejando os tempos áureos do início do namorico. Mas sei lá. Me dê um espaço - não é assim que muitas pessoas pedem para pular fora? Desculpa para medo, também sei, mas me deixa usar essa desculpa uma única vez, nem que seja com você, Alzirão.

Hoje chove lá fora e aqui dentro.
Estou sozinha nesse primeiro andar vendo os pingos cairem e fazerem um barulho chato.
O ar está ligado mas nem tá tanto calor assim. Te juro que poderia sentir frio ao mesmo tempo. Que chatice. Quando foi que virei chata assim? Tão ranzinza?
Não sentes falta daquela menina que vivia sonhando em ser jornalista e apresentar um programa de entrevistas semanal naquele canal feito para mulherzinhas? Onde ela foi?
Acho que se apressou em escorregar com os pingos d'agua que vejo agora da minha janela. Ah, minha janela não dá para a rua e sim para a parte aberta do meu apartamento. Graças a Deus. Assim posso fingir que estou numa casinha de serra, sem ônibus, fumaça e o moço do gás fazendo barulho às 8 da manhã de uma segunda. 


Me sinto melhor assim. Coloco um chá bem quente e um maizena com nutella e poderia ficar dialogando aqui sozinha a tarde toda.


Infelizmente não dá. Me lembrei que está tocando um som pop anos 80 na televisão de algum programa reprisado aos domingos. Oh dia injusto. Quando está sol eu adoro, acho que é o último dia do paraíso - e não é? - mas quando chove... coração fica pequenininho.

Mas vamos voltar a parte que me tornei chata. A questão é que ainda não consegui pendurar todos os quadros da casa, nem estofar o banco que tá encostado na parede há 2 meses e continua com o tecido gasto e nada a minha cara. Ao mesmo tempo, meu tablet quebrou e rachou o viro. Seria um recado de Deus me avisando que tô rachando a cara? Será?
Ainda não consegui colocar meu cachorro no cantinho quentinho dele tbm. Tô há semanas para ir no oftamologista, já até comprei a armação nova mas onde está o tempo quando tanto preciso dele?

Me esqueci do tempo. Me esqueci também que essa chatice pode ter a ver com um fato e o peso dos 26 anos. Me tornei chata não, me tornei adulta.
Adulta essa pessoa singular que tem tantos problemas irremediáveis mas que ao mesmo tempo quer viver como se não houvesse amanhã.

A gente, adultos, nos mascaramos para viver quando ainda tínhamos 16 anos. Afinal, foi outro dia! - que mentira, já se foi 10 longos anos, escola e faculdade e algumas trocas de namorado -.
Dá um aperto no coração. Pensar que foi outro dia que a gente tava entrando no ensino médio. Que as certezas eram tão poucas mas arrebatadoras. E que a única preocupação ou tristeza era perder aquela festa de 15 anos ou então os sapatos dentro de um taxi depois de ficar bebada tomando uma bebida bem fracote (continuo a beber essa mesma bebida e a ressaca continua vindo tbm, como pode?). 


Agora toca na televisão: "É tempo de esquecer todas essas amarguras. Vem tomar um pouco de alegria comigo. Não procure nada que o atrapalhe. Vem dançar bambolê".
Quase um hino a alegria e a acabar com essa chatice que o domingo instalou. Graças a Deus! É um recado dele me falando que há luz no final do túnel.

Se nada der certo, se essas amarguras e incertezas não passarem... se eu não for feliz imediatamente eu terei a ele. E não, não é Deus, gente. Ainda não virei evangélica.
E sim, teremos sempre o bambolê. E porpurinas. E um jardim aberto. Com música tocando ao raiar do sol.
Teremos o carnaval.


E aí sim, adultos, vamos voltar a sorrir. Porque a uma vez no ano seremos quem quisermos. Sem conta pendurada, sem fatura do cartão para chegar, sem parentes queridos partindo, sem o "peso da idade" e o "queria-fazer-mas-não-fiz-tô-muito-velha-para-recomeçar". Seremos fantasia.


Eu serei mulher maravilha ou Cleópatra. Ainda não decidi. 

Mas contagem regressiva para sair em busca daquela máscara que me faz tão feliz. Tomara que em 2015 ela dure o ano todo...