segunda-feira, 2 de março de 2015

O amor nos tempos de zapzap.

- Oi, bom dia!
- Oiiii bom dia meu amor. Não me ama mais?
- Oi?
- É, mandou um "oi" só com um "i". Eu mandei com váááários, viu? Eu te amo! você deixou de me amar!
- (....)

O amor nos tempos de whatsapp, msn, instagram e facebook. O amor no seu modo mais carente de ser.
Você pode achar que isso é uma maluquisse de alguma maluca descompensada na sua loucura de tpm mas não. Essa já fui eu há alguns anos atrás.
Há alguns anos que eu era mais carente e insegura com meus namorados. Ainda sou, but who cares?

O amor nos tempos de hoje não é fácil, gente. Tem um leque de opções para nos sentirmos pra baixo e inseguras com o ser amado.

É aquela blogueira sarada que exibe seu (joga!) bumbum pro alto todo empinado sem nenhum celulite, aquela vaca, porque eu não assim?
É aquela amiga que curtiu a foto dele no insta e você pergunta quem é e o ser na maior parsimonia, responde: Ah, é aquela Carol que morava no meu prédio. Lembra que te falei dela? Não, não lembro. E eu haveria de lembrar, seu puto, porque eu lembro até a cor do esmalte que eu usava quando a gente se conheceu e a cueca que você tirou quando transamos pela primeira vez.
Tem aquela amiga super carinhosa que marca seu gatinho em mil fotos de zilhões de anos atrás e escreve com a carinha mais meiga e abusada: saudades dessa época, turma! Turma? Só tem ele e ela na foto, vai entender.
Ou então é aquela peguete que você finge que não vê (mas temos olhos nas costas, fica a dica!), mas ressurge das trevas por inbox do facebook desejando parabéns e muitas felicidades e carinha feliz. Sim, carinha sorrindo. Pelo menos não foi carinha de beijinho porque aí seria o fim, né. Pois bem.
Ainda bem que tem gente que me entende.


O que me incomoda (e com certeza, eu cobro, shame on me) é essa urgência e essa prova de amor a toda hora.
Antigamente não tinha esse disse-me-disse. Não tinha uma cobrança de postagens e declarações. De delets e de add.
Não tinha como contabilizar o amor na quantidade dos pontos de exclamação ou da foto do facebook.


Eu sei, vocês vão falar "tá louca essa menina, eu não sou assim!". Eu sei! Eu mesma me acho louca e eu mesma já melhorei muito. Haja rehab e respirações fundas hehehe #abafa
Mas atire a primeira pedra quem nuuuunca ficou incomodada por um simples "saudades, primo!" nas redes sociais. Sim, PRIMO. Mas se eu fosse prima do Cauã Raymond eu também me derreteria por ele de saudades então vai que, né. 


Sinto pena da nossa geração. Sinto raiva do Stevie Jobs que inventou o Iphone. Sinto raiva do Marckzinho que nos tornou viciados no Facebook e mais recentemente, obcecados pelo Instagram.

Sinto mais raiva na verdade de mim mesma por ser tão escrava de padrões da sociedade, das primeiras impressões, das declarações instantâneas, das fotos que nunca desbotam (saudades da Polaroid que nunca tive). Raiva. Raiva. Raiva.

Sinto também vergonha. Vergonha das cobranças, dessa personalidade urgencial, da carência que só uma escorpiana dramática pode ter. Sinto muito, baby.

Quando tudo que eu mais queria sentir não era uma mensagem de bom dia virtual mas sim aquela mãozinha em cima da minha, melada de manteiga, dentro do escurinho do cinema. Fazendo algum comentário babaquinha sobre o peso da mulher a nossa frente. Seria tão idiota mas tão feliz.
E ninguém estaria vendo ou fazendo poses. Nem usando filtro.

Só seria amor real. Longe das telas. 


> Obrigada meu amor por sempre me fazer sentir isso. E por ter sempre guardanapo também para essas mãozinhas de manteiga pós Combo Mega. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário